domingo, 13 de janeiro de 2013

A economia verde no contexto da comunicação empresarial


Diz-se Economia Verde a vertente econômica que busca minimizar os impacto das atividades do homem no meio ambiente e na sociedade. É chamada de verde para se diferenciar da atual economia marrom, onde o avanço de empresas e governos implica em um alto custo para a natureza e a qualidade de vida do homem.

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) a Economia Verde é aquela que resulta em melhoria do bem-estar humano e da equidade social ao mesmo tempo em que reduz de forma significativa os riscos ambientais e a escassez ecológica. É uma economia de baixo carbono, com uso eficiente dos recursos e inclusão social.

A transição da economia atual para a verde não prevê impedir o desenvolvimento de tecnologias ou que o ser humano volte a viver na idade da pedra (mas isso certamente irá acontecer se não migrarmos para um modelo de economia mais sustentável que contabilize os custos socioambientais). O objetivo é garantir que o crescimento da renda e dos empregos seja conduzido por investimentos públicos e privados que reduzam as emissões de carbono e a poluição, aumentando a eficiência do uso dos recursos e da energia e evitando a perda da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. 

As empresas e o governo têm papel fundamental nesta transição, pois muitos dos impactos são de sua responsabilidade. O indivíduo por si só, apesar dos esforços, não conseguirá promover esta mudança. Por isso, cabe aos órgãos governamentais e aos empresários o papel de agentes de transformação.

Primeiramente, é importante que as organizações entendam qual a sua cota de responsabilidade e como ela pode atuar no sentido de minimizá-la ou mitigá-la. Após obter essa compreensão, é preciso verificar quais serão os benefícios de migrar, de uma economia poluidora e socialmente injusta, para uma economia verde. Para isso, vale realizar um estudo de impacto socioambiental que será a fonte de informação para a construção de uma política de desenvolvimento sustentável para a organização.

No campo da Comunicação Empresarial algumas políticas públicas, recentemente lançadas pelo Governo Federal, prometem mudar o perfil dos projetos de comunicação, tanto interna quanto externamente, criando um novo paradigma comunicacional. A Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, por exemplo, coloca as agências de comunicação num papel de estrategistas, uma vez que a responsabilidade pelos resíduos gerados passa a ser de toda a cadeia de produção. Visto isso, uma campanha publicitária precisa ser concebida de forma a gerar menos resíduos e que, os resíduos gerados, sejam facilmente descartados. Um novo mercado de produtos com design inteligente, embalagens reaproveitáveis, que utilizam menos matéria prima, também estão no centro da PNRS. Pois, quando menos resíduos para gerir, menos custos as empresas terão com o descarte. O desenvolvimento comunitário também passará a ser tratado como estratégico pelas empresas e este tema desemboca diretamente na área de comunicação corporativa. Influenciar e educar os públicos, principalmente o interno, a adotarem posturas voltadas para o bem comum passarão, em breve, de projetos opcionais para obrigações legais. E esses são apenas alguns exemplos.

No sentido de se adequar a essa realidade, cada vez mais comum e internacionalmente cobrada pela opinião pública, as empresas precisam voltar o seu olhar para a sustentabilidade com vistas a tornarem a economia verde um padrão. O importante é perceber que investir na transição para a economia verde pode garantir lucro para as empresas.

Nosso papel enquanto estrategistas de comunicação é conhecer nossos clientes e os seus principais impactos para atuar proativamente, naquilo que nos cabe. Por isso, é importante entender sobre sustentabilidade. Minha dica é: conheça o produto/serviço do seu cliente, mas também a sua cadeia de valor, seus principais públicos de influência e de impacto. Entenda a realidade do setor, seus desafios e oportunidades em sustentabilidade. Este entendimento mais profundo, pode lhe render uma ideia inteligente e sustentável, com baixo custo de implementação e de gerenciamento dos impactos. As empresas já estão começando a colocar esses custos na ponta do lápis e isto passará a ser cobrado dos fornecedores de comunicação. Você não acha interessante se antecipar?

O relatório "Rumo a uma Economia Verde", do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), apresenta dez setores prioritários para investimento em práticas sustentáveis, sem inibir o progresso econômico:


1. Construção Civil: Um terço da energia utilizada no mundo é gasta dentro de prédios, e o setor de edificações é o que mais emite gases no planeta. O setor de construção civil é responsável por mais de um terço do consumo de recursos, incluindo 12% do consumo de água potável. A saída é optar por construções mais inteligentes, que utilizem de forma mais eficaz os recursos naturais para melhoria na iluminação, aquecimento e resfriamento de ambientes, bem como a implantação de sistemas mais eficientes de  utilização da água. O relatório GEI considera necessários investimentos de 300 bilhões de dólares por ano até 2050 no setor. 
2. Florestas: Os níveis de desmatamento atuais são alarmantes: 13 milhões de hectares por ano. Plantações de grãos e pasto avançam sobre a vegetação nativa. Os investimentos necessários para o setor são da ordem de 40 bilhões de dólares anuais até 2050 em reflorestamento e proteção de florestas. E economia verde, nesse setor, visa a garantir o sustento de 1 bilhão de pessoas no mundo, a conservação da água e a proteção de 50% das espécies terrestres. Produtos da floresta ganham em valor por serem renováveis, recicláveis e biodegradáveis.
3. Água: Quase 1 bilhão de pessoas no mundo não tem acesso a água limpa e potável. Para 2,6 bilhões não existe saneamento básico. Nesse quadro, 1,4 milhão de crianças abaixo de cinco anos morrem todos os anos por doenças causadas por falta de higiene e água. Se não houver melhoria, a demanda vai superar a oferta de água em 40% nos próximos 20 anos. Se os investimentos permanecerem os mesmos, a meta do milênio para o saneamento vai deixar de ser atendida para 1 bilhão de pessoas. A ONU recomenda investimentos de 198 bilhões de dólares por ano em infraestrutura nas próximas quatro décadas. 
4. Turismo: Natureza atrai turistas. Poluição não atrai ninguém. Manter o patrimônio natural garante aos países, estados e cidades participação em um mercado que move 5% do PIB mundial e emprega 8% da população. Mas o fluxo de turistas atualmente é ‘marrom’: responde por 5% das emissões de gases poluentes no mundo. O relatório da ONU estima que um terço dos viajantes estariam dispostos a pagar até 40% a mais por formas de turismo ecologicamente corretas. 
5. Agricultura: O mundo produz mais comida do que precisam os 7 bilhões de habitantes do planeta. Mas a má distribuição da economia marrom faz com que 1 bilhão ainda passe fome, principalmente na África subsaariana. A tendência atual é de agravamento do problema. A produção de alimentos não vai suplantar o crescimento da classe média. Segundo o relatório da ONU, a transição para uma agricultura verde requer investimentos de 198 bilhões de dólares anuais até 2050. 
6. Gerenciamento de Lixo: O mundo marrom do lixo é bem conhecido. Todo o ano são produzidos 11,2 bilhões de toneladas de lixo no mundo, que geram 5% das emissões de carbono. Com investimento de 152 bilhões de dólares em quarenta anos na coleta de lixo e reciclagem, haverá 10% a mais de geração de empregos do que na economia de hoje. O mercado do lixo em uma economia verde está avaliado em 410 bilhões de dólares/ano, um dos mais atraentes do planeta. A geração de energia a partir dos resíduos é estimado em 19,9 bilhões de dólares. 
7. Energia Renovável: A temperatura global vai aumentar em mais de 2 graus devido à emissão de poluentes. Com a matriz energética atual, 1,4 bilhões de pessoas ainda não têm acesso a eletricidade e 2,7 bilhões dependem de madeira para cozinhar. Os combustíveis fósseis poluem, geram doenças e aumentam a acidez dos oceanos. A ONU sugere investimento de 650 bilhões de dólares nos próximos 40 anos em geração de energia proveniente de fontes renováveis. A produção e utilização do etanol no Brasil é vista como um bom exemplo de utilização de energia renovável.
8. Pesca: O setor responsável por lucros de 8 bilhões de dólares anuais para as empresas pesqueiras que empregam 170 milhões de pessoas no mundo está em declínio. A indústria pesqueira tem deixado de movimentar 26 bilhões por ano, o que exige 27 bilhões em subsídios ao setor. Isso gera pesca em excesso e a degradação dos estoques de peixes. A economia verde propõe um único investimento de 100 a 300 bilhões de dólares para o setor reduzir os excessos. 
9. Indústria: As indústrias respondem por 35% do uso de energia elétrica no mundo, por 20% das emissões de CO2 e por mais de um quarto da extração de recursos primários. Também contribuem para 17% da poluição do ar relacionada a problemas de saúde, que custam até 5% do PIB mundial. Entre as medidas para diminuir esse impacto, o relatório sugere aumento de 10% na vida útil de cada produto. O mercado de produtos reutilizáveis compensaria a perda de empregos no setor. Um sistema de taxas de carbono e regulamentação confiável são essenciais para assegurar que o setor acrescente os custos ambientais no cálculo de seus preços. 
10. Transporte: O carro, o ônibus, o caminhão e as motos são os grandes vilões da economia marrom. Consomem mais da metade dos combustíveis fósseis no mundo, são responsáveis por um quarto das emissões de CO2, causam 80% da poluição do ar em cidades de países em desenvolvimento e causam a morte de 1,27 milhão de pessoas a cada ano em acidentes. O custo médio é de 10% do PIB de cada nação. Nos cenários testados pelo relatório, um investimento de 0,34% do PIB mundial em infraestrutura de transporte público e aumento da eficiência dos veículos a motor pode reduzir as emissões em 70%, diminuir o tempo gasto em viagens e reduzir o uso de combustível em um terço. 

Não perca tempo, procure se atualizar e estar a frente desta mudança. Certamente você dará um salto qualitativo enquanto pessoa e profissional.

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